Quando chegamos a Lisboa, a visão do famoso Rio Tejo logo me fez concluir, na esteira do grande poeta Fernando Pessoa, que “tudo vale a pena, se alma não é pequena”. 

Foi sob a inspiração daquele verso que busquei identificar, desde então, um sentido mais profundo para a peregrinação que teria início em Barcelos e conclusão em Santiago de Compostela.

E a experiência do caminho mostrou que o que me parecia, em princípio, ser mais uma de muitas outras viagens que havia feito ao longo de minha vida, tomou uma dimensão tão ampla e recheada de belas e inesquecíveis impressões que, ao final, só me restou agradecer a Deus pelo privilégio de poder participar dessa caravana de “andarilhos da luz”, sob a direção segura de Marcus Pavani, muito bem auxiliado pelo guia português  e pelo motorista.

Depois da visita que fizemos ao Santuário de Fátima, berço da emblemática aparição da Virgem Maria aos pastores Lúcia, Jacinta e Francisco, e da nossa passagem pela histórica cidade do Porto, iniciamos a caminhada em Barcelos, numa manhã fria e chuvosa, percorrendo nada menos do que 33 km. de estradas e trilhas até chegarmos exaustos - mas felizes e, sobretudo, ainda despreocupados da distância a ser percorrida até o nosso destino - a Ponte de Lima, onde pudemos recompor as energias gastas na primeira etapa do caminho português de Santiago.

Com a mesma disposição e o bom humor que caracterizaram os nossos passos iniciais, passamos por caminhos, pequenas cidades e distritos onde se destacava a beleza, a paz e a simplicidade da vida rural. Visitamos ermidas, igrejas e monumentos seculares.

Finalmente, chegamos ao ponto final de nossa caminhada com a emoção de quem acaba de vencer um grande desafio e o sentimento de gratidão a Deus e ao padroeiro de Santiago de Compostela, cuja magnífica catedral foi o palco da celebração da famosa e concorrida Missa dos Peregrinos.

 Em última análise, vale ressaltar que, graças ao empenho e à dedicação dos profissionais que estiveram conosco por todo o caminho, como também do companheirismo dos membros do nosso grupo, tudo transcorreu na mais perfeita harmonia, pelo que só me resta agradecer a vocês, da empresa “Andarilho da Luz”, por nos terem proporcionado esta inesquecível experiência de vida e de convivência fraterna, e o faço lembrando, por sua perfeita adequação ao que significou, para mim, fazer o Caminho de Santiago, o que disse Antônio Machado a propósito do verdadeiro sentido do ato de caminhar: “Golpe a golpe, passo a passo, caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar. Andando se faz o caminho e se você olhar para trás, tudo o que verá são as marcas dos passos que algum dia seus pés tornarão a percorrer. Caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar”.